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Entrevista com Ananias Andrade, do MNAI - Movimento Nacional para Anulação do Impeachment

Nesta entrevista, Ananias Andrade, membro da coordenação paulista do Movimento Nacional pela Anulação do Impeachment - MNAI fala à Cidadania e Reflexão sobre o desenrolar da campanha em 2018 e sobre os objetivos políticos do movimento.


C. R. - Qual a sua função do movimento MNAI?

Ananias Andrade: Sou membro do comitê SP, e atuo na coleta de assinaturas e trocando ideia com as pessoas. Às vezes com o uso do megafone. O intuito nosso é resgatar a legitimidade do voto.

C. R. - O que você diria sobre as consequências históricas de quebras de regras institucionais? Como as pessoas do movimento veem isso e se na abordagem pública vocês também fazem uma função pedagógica quanto a isso. Como o grupo, ou você, pessoalmente, sente o nível de conscientização política do povo brasileiro e o que crê que poderia ser feito com relação a isso?

Ananias Andrade: Quando houve a destituição de uma presidenta da república sem que ela tenha cometido crime de responsabilidade, o que criamos foi a possibilidade de, se isto não for revertido, que não haja mais equilíbrio entre os poderes. Quando houve a destituição de uma presidenta da república sem que ela tenha cometido crime de responsabilidade, o que criamos foi a possibilidade de, se isto não for revertido, que não haja mais equilíbrio entre os poderes.

Um conjunto corrupto no congresso destituiu uma presidente sem comprovar crime de responsabilidade. Isto significa a imediata invalidação dos 54,5 milhões de votos que a elegera.

A democracia é a construção de melhores acordos possíveis até que alcancemos avanços ideias. Quando se ignora aquais ele pode e deve ser deposto, e de quais formas a legitimidade legitimidade de voto que institui um presidente e as formas pelas quais ele pode e deve ser deposto, e de quais formas a legitimidade dele deve ser preservada, o voto, o sentido do voto, a legitimidade do voto perde o sentido, uma vez que se legaliza o golpe.

O que surge de um processo fajuto não é legítimo. Nada que um governo fajutoaprova e institui é legítimo, porque não teve autorização do povo para fazê-lo. Falaram tanto que pedalada fiscal era crime de responsabilidade e ficou comprovado por meio da comissão técnica do Senado que não houve crime.

Agora, se mesmo assim houve um Agora, se mesmo assim houve umimpeachment, então pedalaram a lei, para aprovar um impeachment dispensando as provas do crime só por meio de opiniões e depoimentos.

É redundante falar da injustiça que é a dificuldade para acessar as estruturas de justiça, ter um processo avançando no sistema judiciário. Mas, a questão aqui posta, é que, umas vez alcançadas as instâncias de julgamento, a lei não pode exigir prova para uns e dispensar prova para outros. Ninguém pode ser culpado sem prova material de culpa. Do contrário, não é lei. A legitimidade surge de quem foi eleito. O Temer teve voto para ser vice, e só a condição de crime comprovado por parte de presidenta Dilma poderia levar ele a ter legitimidade, e a situação é diametralmente a oposta.

A quebra de um acordo que envolvera quase 105 milhões de brasileiros foi quebrada. Se este tipo de acordo é quebrado abre-se a brecha para a quebra de seguidos acordos. E é isto que estamos vivendo.

C. R. - Quantas assinaturas atingiram já neste mês de novembro de 2017?

Ananias Andrade: Centenas de milhares – aumentando dia a dia.

C. R. - Como o grupo, ou você, pessoalmente, sente o nível de conscientização política do povo brasileiro e o que crê que poderia ser feito com relação a isso? 

Ananias: Ah! E sim, nós fazemos, nos pontos de democracia, onde coletamos as assinaturas pela anulação do impeachment, esta troca de ideias com a população. Rola conversa, rodas de debates no meio da calçada. No meio fio, na pista de rolamento da Av. Paulista, aberta aos pedestres aos domingos. Os que se aproximam, tirando os autoritários, realizam trocas interessantes.

C. R. - É sabido que sem legislativos responsáveis não poderemos ter governos que tenham algum bom resultado. Por isso, o movimento MNAI, em suas abordagens públicas tem chamado a atenção de alguma forma para a votação dos legislativos?

Ananias: A leitura do cenário é mais complexa, mas a crise trouxe a inevitável compreensão de classe sociais. Pode não ser a consciência de classe que se articule de forma coesa em defesa de seus interesses, mas ficou mais nítido para o povo que há grupos políticos que não tem o menor problema em governar de costas para o povo, e veem um povo como algo que atrapalha o país e não como a composição fundamental para as soluções.

Quando 61 senadores, a maioria respondendo a processos de corrupção, outros comprovadamente corruptos se instituem juízes para a votação do impeachment e aplicam pena de culpa, condenando a presidenta Dilma Rousseff a perda de mandato, e quando os mesmos dispensam as provas e condenam, instituindo uma lei que lavra a perda do mandato de uma presidente, temos aí o mesmo grupo que estará disposto a passar por cima de todas as outras leis anteriores construídas pela democracia porque atuam, por mais que tenham sido eleitos e ainda tenham sido eleitos financiados pelos roubos do Cunha, estes se legitimam contra democracia, se legitimando pelo uso do autoritarismo que perdurará até ou sempre que seja necessário acrescentar a força. Ou seja, não há democracia.

Ananias: Vale lembrar que o movimento é, como o próprio nome diz, um movimento. Sai de um ponto e deseja chegar a um outro ponto. Isto quer dizer que o movimento existe para resgatar a legitimidade do voto, e fazer valer a constituição. Estamos propondo um caminho, e faremos até que tenhamos um número que julgamos suficientes para juntarmos com o mandado de segurança da Dilma impetrado no STF para anulação, ou reforma, da decisão tomada pelo Senado de afastar definitivamente mesmo sem a comprovação de crime, e sem a manifestação de quem dá a última palavra em matéria de crime. Que é o STF.

C. R. - Existe uma discussão de pautas para a atuação, além da já conhecida pauta de anulação do Impeachment? 

Ananias: Como um movimento, precisamos chegar a outra margem do rio. Este é o objetivo. E a politização, a contextualização, a escuta e o debate das ideias é o canal para criarmos este consenso. Temos conseguido cada vez mais assinaturas, e cada vez mais consciências para que saibam que não existe solução fora da política.


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