Luíza Erundina fala ao Cidadania e Reflexão sobre organização e resistência
C.R.:
- Deputada o que a senhora poderia dizer para quem começa a se reunir a partir de agora com o apoio da Apeoesp para formar "Comitês para a Defesa da Democracia" regionais.
Luíz Erundina:
- Eu quero aproveitar
a oportunidade para dizer que a luta pela democracia é permanente.
Ela é todo o dia, ela todo o ano. Sobretudo quando a democracia está
sob ameaça.
Na minha avaliação a nossa democracia está ameaçada:
ameaçada pela desigualdade social, ameaçada pela violação dos
direitos humanos. A prisão arbitrária de Lula é uma expressão da
violação dos direitos humanos.
No último dia 24 de março último,
nós celebramos, pela primeira vez no Brasil, o Dia Internacional do
Direito da Verdade. Porque 24 de março? Foi a data em que, 37 anos
atrás, o Bispo de El Salvador, Dom Oscar Romero foi assassinado
porque lutava exatamente pelos direitos humanos e pela democracia. E
o Brasil celebrou pela primeira vez essa data. São eventos e
situações que apelam para que cada um de nós se conscientize da
gravidade que o mundo vive, que o Brasil vive e as ameaças que o
nossa democracia sofre nos dias de hoje.
E o caso de Lula é
emblemático: eles querem interromper o processo democrático. E pela
Constituição todo cidadão brasileiro tem o direito a ser votado. E
o que estão fazendo com Lula, precipitando sua condenação e a sua
prisão, sem deixar que ele tenha acesso a todos os meios previstos
na Constituição é exatamente para impedir que a sua candidatura
cresça e se torne e se torne irreversível, porque eles não querem
que Lula, a esquerda e o povo voltem ao poder nesse país.
Portando
este movimento pela democracia, pela Cidadania, pela Democracia faz
todo o sentido. Porque esta luta, como eu disse, é permanente e é
diária e, no momento atual, mais do que nunca está a nos apelar
para que se comprometa até o limite de nossa vida, colocada ao
serviço da preservação e da consolidação da democracia em nosso
país.
