ALERTA DO CLUBE DE ENGENHARIA CONTRA O DESMONTE DO PAÃS
O CLUBE DE ENGENHARIA E A SOBERANIA NACIONAL
O Clube de Engenharia, entidade que reúne os engenheiros brasileiros, divulgou manifesto denunciando as ações do governo de Michel Temer no sentido de violar a soberania
nacional.
O Clube de Engenharia manifesta sua
apreensão em decorrência de sistemáticas propostas e ações do Governo
Federal, a seguir listadas, posto que são comprometedoras da soberania
nacional:
• as
modificações realizadas na Lei e nos procedimentos que regulam a
exploração das reservas de petróleo do Pré-Sal, e em especial, no
protagonismo da Petrobrás, agora não mais participante obrigatória de
todas as atividades, como operadora única, o que traz imensos prejuÃzos Ã
cadeia produtiva de óleo e gás e à engenharia nacional;
•
a descaracterização da Petrobras como petroleira integrada, através da
venda de ativos importantes e do abandono de investimentos em
exploração, em refino de petróleo e em petroquÃmica, de modo a torná-la
mera e cadente produtora de petróleo bruto, o que já tem reflexo
devastador na nossa engenharia;
• a
realização, a toque de caixa, de novos leilões de blocos do Pré-Sal,
projetando ritmo elevado e desnecessário de exploração das suas
reservas, tornando o Brasil mais um exportador de petróleo bruto, sem
agregar valor ao recurso natural explorado e também, além de abandonar a
polÃtica de incorporação crescente de “conteúdo localâ€, vigente desde a
criação da Petrobrás;
• o
retrocesso na atuação do BNDES, seja no volume dos recursos a ele
alocado, seja nas polÃticas operacionais, especialmente na definição da
taxa de juros aplicada aos contratos de financiamento, bem como na
orientação atribuÃda ao Banco de se conduzir prioritariamente como
auxiliar dos bancos privados – e do próprio mercado financeiro – em
detrimento de seu histórico papel de propulsor do nosso desenvolvimento,
com conseqüente repercussão na engenharia nacional;
• transferência,
à iniciativa privada do monitoramento de atividades na Amazônia que, a
mais de três décadas vem sendo executado pelo INPE – Instituto Nacional
de Pesquisa Espacial;
• a
extinção da RENCA (Reserva Nacional do Cobre), área estratégica
preservada nos Estados do Pará e do Amapá, para entregá-la a grupos
estrangeiros;
• transferência,
à iniciativa privada, dos canais digitais do primeiro satélite
geoestacionário do Brasil, recém lançado ao espaço;
• a
mudança radical na orientação da polÃtica externa, de modo a subordinar
a atuação geopolÃtica do Brasil aos interesses dos Estados Unidos da
América - em contraposição ao seu alinhamento crescente com outros
polos de poder mundial (BRICS), e com os paÃses dos continentes sul
americano (UNASUL) e africano, especialmente com Angola, Ãfrica do Sul
e Moçambique, o que tornará mais difÃcil a inserção da engenharia
nacional nos mercados externos;
• o
abandono da polÃtica de integração com as Forças Armadas dos paÃses
sul-americanos, institucionalizada pelo Conselho de Defesa da América do
Sul e pela UNASUL, reintroduzindo a presença militar dos EUA em
assuntos que dizem respeito apenas aos povos sul-americanos,
consubstanciada no inédito convite feito ao Exército dos EUA para
participar, em nossa Amazônia, de exercÃcio militar com o Exército
Brasileiro e os do Peru e da Colômbia.
O Brasil pertence a nós
brasileiros. Nenhum governo tem mandato para alienar a nossa soberania,
pelo que conclamamos as entidades da sociedade civil a se unirem a nós
para solicitar ao Congresso Nacional que impeça a consumação de atos tão
lesivos ao patrimônio nacional, amealhado com o sacrifÃcio de muitas
gerações de brasileiros.
Rio de Janeiro, 15 de maio de 2017
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